sábado, 5 de julho de 2014

Nosso espaço



Se você é uma daquelas pessoas que passam dias e dias lembrando dos personagens dos seus livros favoritos e/ou das histórias que lhe fizeram sorrir, chorar, sentir medo ou alguma outra sensação marcante, certamente você já sabe que, pra gente viajar, nem sempre é preciso fazer as malas e cair na estrada. Os livros (mesmo que sejam e-books) nos levam à outras épocas, a outros lugares, a conhecer outras pessoas... ler é viajar
Mas, desde quando o homem descobriu essa incrível façanha? Ou, em outras palavras: desde quando o homem percebeu que ele poderia tornar públicas as suas histórias (impressa e/ou oralmente)?
Neste blog você encontra relevantes informações a respeito do histórico da literatura francesa durante o período medieval. Navegue pelo nosso menu e conheça o contexto social em que essa literatura foi produzida, além de conhecer as principais obras publicadas durante a Idade Média. Bon voyage! 

Principais obras

A Idade Média foi uma época de intensa produção literária. Vejamos, abaixo, algumas das principais obras produzidas nesse período.



La chanson de Roland
La chanson de Roland (A canção de Rolando) é um poema épico, sendo a mais antiga das canções de gesta (sobre explorações guerrilheiras). O seu manuscrito é datado de 1070, com 4002 versos de 10 sílabas poéticas. Esse longo poema narra um importante fato histórico ocorrido no século VIII, em que uma expedição militar liderada pelo Imperador Carlos Magno e pelo seu sobrinho, Rolando, sob os planos enganosos do rei Marsílio, estava deixando a Espanha. O rei Marsílio declarou que, se o rei Carlos Magno partisse da Espanha, ele se tornaria cristão e vassalo do rei Carlos Magno. Acreditando nessa promessa, a expedição desse rei partiu em direção à região oriente do império. Durante o percurso, a retaguarda do exército franco foi atacada e massacrada por um grupo de bascos (cristãos) e, na ocasião, Rolando perdeu a vida. Três séculos depois, surge o poema La chanson de Roland narrando todos esses feitos. 


Perceval ou le roman du graal
Trata-se de um romance (inacabado) do poeta e trovador Chrétien de Troyes (membro do clero da igreja). O poema narra a história de um jovem chamado Perceval, que é encontrado por cavaleiros em uma floresta. Quando ele decide que também quer ser um cavaleiro, Perceval parte para a corte do Rei Artur a contragosto de sua mãe, que o havia criado em uma floresta para mantê-lo distante da civilização e evitar que ele se tornasse um cavaleiro. Perceval que parte em busca do Graal (vaso sagrado onde foi colocado um pouco do sangue de Jesus durante o momento da crucificação), para descobrir quais poderes miraculosos presentes no Graal mantinham vivo o pai (ferido) do Rei Pescador.



Le roman de Renart
Le roman de Renart é um conjunto de poemas independentes uns dos outros, compostas por vários autores, que narram a luta da raposa contra o lobo. Seriam espécies de fábulas da Idade Média, inspiradas nas fábulas do Esopo. Porém, ao contrário das fábulas do Esopo, Le roman de Renart não tinha o objetivo de transmitir nenhum  ensinamento ou moral. 


Le lai du chèvrefeuille
O lai é um poema de forma fixa, que surgiu no século XII e, que, durante a IM, designava o sentido de canto ou de narrativa cantada. O lai foi introduzido durante a IM, através de Marie de France, uma de nossas primeiras poetisas. Ela escreveu entre 1160 e 1190 lais; um deles é o Lai du chèvrefeuille, que relata um dos encontros clandestinos dos amantes Tristão e Isolda. 

Le roman de la rose
Le roman de la rose é uma obra poética composta de 22 000 versos octassílabos, construído a partir da alegoria de um sonho sobre a temática do amor. A obra está dividida em duas partes: a primeira, escrita por Guillaume de Lorris (em torno de 4058 versos), entre os anos de 1230 e 1235. Essa parte focaliza o amor enquanto um sentimento mitológico - o amor cortês. Nela são narradas as investidas de um cortesão durante a conquista do coração de sua amada, cujo personagem alegórico é uma rosa. O enredo acontece em um jardim cercado por um muro, que representa o romance; o lado exterior aos muros representa a vida comum. A segunda parte foi escrita por Jean de Meung (em torno de 18000 versos) entre os anos de 1275 e 1280. Esse autor adota um tom mais filosófico, em que o amor e a mulher são vistos sob uma óptica negativa. Nessa segunda parte, a rosa que era como um amor inalcançável na primeira parte, acaba sendo arrancada do jardim por causa da traição. Meun utiliza os seus conhecimentos filosóficos e científicos para complementar essa obra. 


Le mystère de la passion
Escrito por Arnoul Gréban, em 1450, Le mystère de la passion retrata alguns episódios da Bíblia Cristã, a respeito da vida, paixão e morte de Jesus Cristo. Essa obra é organizada em 35.000 versos e, e partir deles, aproximadamente 224 personagens narram, em 4 dias, como se deu a Paixão de Cristo pelos seres humanos, que o levou a dar a sua vida para salvá-los.
Assim, no prólogo dessa peça, é evocada a história de Adão e Eva, na qual esses dois personagens caem em pecado pela primeira vez; isso que faz com que todos os seres humanos estejam aprisionados à condição pecaminosa do pecado original. 
No primeiro dia, ocorre uma discussão entre os seguintes personagens (alegóricos): a Misericórdia, a Justiça, a Paz, a Sabedoria e a Verdade, que resolvem enviar o Messias à Terra: Jesus, o Filho de Deus, que nascerá da Virgem Maria, com o objetivo de salvar os seres humanos do pecado original. A partir disso, a notícia desse plano salvífico chegou até os infernos e, então, Lúcifer convocou os seus diabos conselheiros: Satan, Astsroth, Belzébuth e Cerbère, para decidirem o que fariam para combater o plano de salvação. 
No segundo dia, é retratada a vida pública de Jesus, desde a sua infância, até o momento em que Pedro, um de seus apóstolos, acaba negando que o conhece, às vésperas da sua crucificação. 
No terceiro dia, é representado o suicídio de Judas, o apóstolo que o traiu com um beijo; o julgamento de Pilatos e, também, a crucificação e morte de Cristo.
No quarto dia, vemos a ressurreição de Jesus e a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos. 
Ao final, os personagens alegóricos novamente entram em cena, para proclamar a moral da história. 
La farce du maître Pathelin


Esta obra é o carro-chefe das farsas medievais. Um pouco mais longa que as outras, contendo 1470 versos, ela tornou-se uma comédia bastante aclamada. Se tratando de uma peça de teatro, do gênero farsa, cuja temática circula em torno de questões da moral e dos bons costumes, A farsa do advogado Pathelin é considerada a primeira comédia em língua francesa. Composta na Idade Média, por volta de 1465, de autoria desconhecida, essa comédia conta a história do advogado mentiroso chamado Pathelin que, em meio a uma crise econômica, passa-se por uma mulher e aplica um golpe a um comerciante de tecidos. 
Essa comédia critica e satiriza os costumes das duas mais fortes classes sociais da França do século XV, os comerciantes e os homens de leis. Os personagens são todos canalhas e Pathelin, o protagonista, mente descaradamente. 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Literatura francesa na Idade Média

Segundo os registros documentais, durante o período da Idade Média (IM), também conhecido como a Idade das trevas, período que foi do século V ao XV, foram registradas formalmente as primeiras expressões literárias de língua francesa. Contudo, torna-se difícil saber a origem dos textos literários difundidos nessa época, uma vez que eles eram provenientes de expressões folclóricas. Logo, a questão da autoria desses textos também é um fator emblemático. 
A autoria dessas obras é atribuída a um desses artistas: ao trovador e/ou ao copista e/ou ao clérigo. Funcionava basicamente da seguinte maneira: os trovadores eram os artistas da IM! Eles tinham o ofício de realizar espetáculos: recitar poemas, dançar, cantar, fazer acrobacias... e, ao recitar poemas, herança de seus ancestrais, eles iam adicionando um verso ou outro aqui ou acolá... já ouviu falar no ditado popular: "quem conta um conto aumenta um ponto"? Era mais ou menos assim! Logo, por suas contribuições espontâneas para com os poemas que recitavam, os trovadores eram também considerados autores. 

Sobre os copistas, eles registravam a oralidade através da escrita. Porém, ao copiar esses textos, provavelmente eles também faziam os seus acréscimos e decréscimos. E quanto ao clérigo, ele era considerado um homem culto; o homem da igreja, que fazia um curso superior e que tinha o poder de aprovar ou desaprovar os textos que eram publicados nessa época. 
            
Mas, sob qual contexto sociocultural essa literatura estava sendo produzida? 
Conforme mencionado antes, a Idade Média também é conhecida como a Idade das trevas - não por acaso. Foi uma época marcada por muitos conflitos religiosos e ideológicos. Cinco séculos (476-1453) de combates, de vitórias e de derrotas. A população francesa estava organizada em uma sociedade feudal, ou seja, as pessoas se organizavam em feudos - pequenos espaços de terra concedidos por um suserano (um nobre que doa algum bem) a um vassalo (quem recebe um bem material de um suserano e que, em troca, lhe jura fidelidade), em torno de um reino onde, ao centro, está o castelo do Rei. E o reinado, por sua vez, era subordinado ao clero. 
 Ou seja, a sociedade estava organizada na seguinte ordem hierárquica: o clero (a igreja) > a nobreza (os reis) > os burgueses (suseranos e vassalos). Podemos ver essa divisão de modo mais claro nas pirâmides sociais abaixo: 
 A economia era baseada na agricultura de subsistência, enquanto a ideologia predominante era o teocentrismo - Deus era o centro de tudo (ou pelo menos era para ser). Nesse contexto, ocorreram as Cruzadas. Em tese, as Cruzadas seriam expedições militares organizadas para "resgatar" a Terra Santa das mãos dos infiéis (daqueles que não mais se declaravam cristãos católicos). E, então, deu-se início a uma sucessão de oito Cruzadas (do ano de 1095, até o ano de 1270). 46 anos após a última Cruzada, aconteceu a Guerra dos Cem anos (que na verdade durou 116 anos), que consistiu em uma disputa por território entre a França e a Inglaterra. 
O Rei Henri Plantagenêt (rei da Inglaterra) havia se casado com Aliénor d'Aquitaine (duquesa francesa). Logo, alguns territórios pertencentes à Aliénor passaram a ser também pertencentes ao Rei Henri. E então a coroa da Inglaterra tinha muito mais territórios franceses do que a própria França. Assim que Philipe VI tomou de volta o território da Guyenne, o conflito se iniciou. Apenas após a intervenção de Joana d'Arc, que, conduzindo diversos soldados, resgatou Orléans e algumas outras regiões da posse da Inglaterra em 1429, é que guerra foi um pouco mais amenizada. Joana d'Arc foi capturada e queimada no ano de 1431. Em 1435, a Borgonha afirma uma aliança com o rei Charles VII e, então, o poder francês se afirma cada vez mais, até que a guerra dos Cem Anos chega ao fim, em 1453.
O latim era a língua falada pelos professores, estudantes, homens da lei e demais que eram subordinados à autoridade do clero. Eles escreviam e falavam em latim, porém, o desejo de difundir uma cultura profana (conforme os burgueses foram se especializando em suas profissões e, consequentemente, obtendo determinados privilégios econômicos), fez com que surgisse a língua francesa.

Os primeiros habitantes da França foram os gauleses (um povo celta); com o passar do tempo, eles abandonaram a língua celta e passaram a utilizar o latim vulgar. Durante a IM, surgiram duas línguas diferentes: a langue d'Oïl, ao norte do rio Loire, e a langue d'Oc, ao Sul. A langue d'Oc (também chamada de provençal) foi utilizada por diversos trovadores. Um dos dialetos advindos da langue d'Oïl, o frâncio (dialeto falado na região da Île-de-France), deu origem ao francês moderno que conhecemos hoje. 


Apenas no século XI, começaram a surgir as primeiras expressões literárias nessa nascitura língua francesa, com um estilo um pouco mais distante do das obras latinas clássicas. Vejamos, em seguida, quais as principais características dos gêneros literários produzidos durante a Idade Média. 

Os gêneros literários da Idade Média



Os escritores da IM compartilharam os seus valores, as suas crenças, os gostos e os ideias da classe feudal às quais eles pertenciam, através de suas obras. Nesse sentido, a poesia, o romance (a prosa) e o teatro foram o resultado da expressão do homem da IM, através da literatura. 
A poesia
 
Foi através das canções dos trovadores que o amor encontrou a sua mais bela expressão. A poesia difundida a partir do final do século XI abrangeu a concepção do amor cortês, em que o cavaleiro era o amante (homem que ama) que prestava devoção à sua dama (la fin'amour) através de seus poemas. Nessa forma poética, também era incorporado o que se considerava como valores e virtudes cavaleirescas, além dos sentimentos de submissão do amante para com a sua dama; essas temáticas foram advindas das cortes aristocráticas. 
Sendo uma forma de poesia surgida na Grécia Antiga e, originalmente, feita para ser cantada ou acompanhada de flautas e liras, a poesia lírica consistia em um modo de expressão sofisticada. Esse gênero foi difundido pelos trovadores em meados do século XII em langue d'Oc e, um século depois, em langue d'Oïl, sendo assim muito bem representado pelo poeta medieval Rautebeuf (1245 - 1285).
Esses poemas eram compostos em torno de 40 a 60 versos, repartidos em estrofes de 6 a 10 versos, cujas terminações consistiam em 'tornadas', que se repetiam ao final de cada estrofe, através de melodias e de rimas. 
Hoje, conhecemos essas canções graças aos cancioneiros, que consistem em manuscritos datados do final do século XIII e XIV. Os copistas transcreveram essas canções que circularam oralmente, durante a IM. 
Mas a canso não foi a única forma de poesia dos trovadores. Temos também uma veia satírica e moralista, através das serviètes - poemas que expressavam deplorações sobre a morte de grandes personagens históricos, recitados através de duas vozes nas quais dois poetas defendem cada um de forma irônica, dois pontos de vista opostos. 
Em meados do século XIV a poesia lírica se afasta da música, sob a influência de Guillaume de Machaut, devido às novas vertentes surgidas dentro desse gênero de poesia lírica: o rondó e, sobretudo, a balada. 
O romance

 
Com o surgimento da prosa, o gênero romance retomou diversas obras da antiguidade e as situou em um âmbito mítico, através de adaptações dessas obras. As temáticas abordadas nesses romances giravam em torno dos três principais eixos narrativos: o da matéria da França, o da matéria da Bretanha e o da matéria da antiguidade 
O eixo da matéria da França ou o Ciclo carolíngio relata os acontecimentos guerrilheiros situados na França e os feitos dos grandes líderes da época, tais como Carlos Magno, Guilherme d'Orange e Godrefroi de Bouillon, bem como o ciclo dos Barões revoltados. 
O eixo da matéria da Bretanha ou Ciclo arturiano compreende as lendas e contos transmitidos oralmente pelos povos celtas, constituídos a partir do império do rei Arthur e de histórias sobre os cavaleiros da távola redonda. 
Quanto ao eixo da matéria da antiguidade, trata-se das grandes obras de aventura da antiguidade, sobre os heróis do âmbito mítico. Sendo, pois, um resultado da translatio, ou seja, da tradução de obras do latim para a língua romana, sob a forma medieval de se realizar esse tipo de tradução - adaptando essas histórias ao contexto feudal.

O teatro
Na era medieval, as primeiras peças teatrais eram encenadas dentro das igrejas e também nas praças, sempre com espetáculos sacros, organizados pelo clero, sobre temas de inspiração religiosa, com histórias bíblicas ou sobre as vidas de santos. Mas também havia um teatro mais popular, de cunho cômico, que constituía as chamadas peças profanas.   
Durante a IM, era iminente a predominância de temáticas religiosas nas peças teatrais. Inicialmente, o teatro era cantado em versos poéticos, sempre em contextos litúrgicos e dentro das igrejas, representados após as missas. Posteriormente, no século XV, essa prática saiu dos monastérios e ganhou as ruas. Nesse sentido, haviam três principais eixos temáticos que conduziam as encenações dessas peças: o eixo do milagre, o eixo do mistério e o das moralidades. 
O eixo dos milagres consistia nos dramas sagrados que expressavam cenas das vidas dos santos. O eixo do mistério representava a expressão das principais festas religiosas: as festas de santos ou o mistério da Paixão de Cristo; essas encenações chegavam a durar dezenas de dias. 
O eixo das moralidades consiste em encenações mais breves do que os mistérios, mostrando personagens alegóricos situados no contexto social da IM (ex: a pobreza, a igreja, a luxúria, a nobreza etc.). 
As cenas da história bíblica eram intercaladas com episódios cômicos (as farsas), para evitar a monotonia dos espetáculos sacros, que, de modo geral, eram muito longos. A partir daí, surgiu a vertente cômica do teatro da IM.
Afastando-se do teatro religioso, o teatro medieval toma uma dimensão cômica e subversiva, colocando em cena diversas situações do cotidianas com o objetivo de distrair as pessoas e de fazê-las sorrir, através das chamadas farsas
As farsas eram peças cômicas curtas, compostas entre os séculos XIII e XV, apresentadas nas festas ou entre os atos de uma peça religiosa. Consiste em uma paródia da vida cotidiana com personagens típicos da época: charlatões, burgueses, maridos traídos, servos submissos etc. E haviam também as soties, que eram peças cujo conteúdo demonstrava a inversão de papeis sociais, abordando verdades sobre as quais nem todo mundo tinha coragem de falar.


Referências: 

NARTEAU, C.; NOUAILHAC, I. La littérature française - les grands mouvements littéraires du Moyen Âge. Paris: Librio, 2009.

BERTHEKIT, A.; CORNILLIAT, F.; MITTERAND, H. Littérature textes et documents: Moyen Âge et le XVI siècle. Paris: Éditions Nathan, 1988.

 ARMAND, A. Intinéraires littéraires - Moyen Âge et le XVI siècle. Paris: Hatier, 1988. 

terça-feira, 10 de junho de 2014

Principais escritores medievais

Philippe de Commynes (1447-1511)
Philippe de ComminesPortrait à la sanguine dans le Recueil d'Arras(Bibliothèque municipale d'Arras)
Commynes foi um político, memorialista e cronista de língua francesa do século XV. Ele redigiu as memórias dos reis Luís XI e Charles VIII com tanta imparcialidade e fidelidade, que tornou-se um homem de confiança dos homens poderosos da época. Suas memórias constituem preciosas fontes da História da França e da Europa e são, ainda hoje, objetos de pesquisa. Sendo um grande visionário, Commynes lamenta o antagonismo permanente entre as nações europeias e aspira uma Europa unida pelo cristianismo. 
Philippe de Commynes é o único autor medieval cuja recepção foi contínua desde a Idade Média, até o século XX. É grandiosa a sua fortuna literária. Podemos contar cerca de 120 edições entre os anos de 1540 e 1643. 
Suas memórias foram escritas em dois momentos:
Os livros de I a VI, entre 1489 e 1491;
Os livros VII e VIII (consagrados à expedição italiana) entre 1497 e 1498. As primeiras edições de suas memórias datam de 1524 (livros I-VI) e de 1528 (livros VII-VIII).
Para conhecer as Memórias de Philippe de Commynes, clique aqui.

Charles d'Orléans (1394-1465)


Filho do duque Louis d'Orléans e de Valentine Visconti, o príncipe-poeta Charles d'Orléans se encontra diante de uma responsabilidade política aos 13 anos de idade, quando ocorreu o assassinato do seu pai, em 1407. A partir da invasão dos ingleses nos negócios da França, começa a batalha de Azincourt; então, Charles d'Orléans colocado em uma prisão. 
Os poemas de amor que escreveu são dedicados à mulheres desconhecidas; por isso, não se sabe se se tratam de paixões reais ou de paixões idealizadas. A maior parte de sua obra é composta de ballades e de rondeaux, que são peças breves, que correspondem à um estado de fuga da alma, ou à uma circunstância concreta da vida. De poema em poema, se estabelece toda uma topografia alegórica na qual se movem numerosas personificações traduzindo todas as nuances dos sentimentos do poeta sob a forma abstrata. 
Clique aqui e conheça algumas de suas produções literárias.

François Villon (1431- desaparecido em 1463)
François Villon foi um dos maiores poetas franceses da Idade Média e é considerado o precursor dos poetas malditos do romantismo. Nascido no período da ocupação inglesa na França e órfão de pai, François é enviado para ser criado, por razões desconhecidas, por Guillaume de Villon, que se torna mais que um pai para ele e o manda estudar na Faculdade de Artes de Paris para que ele se torne um clérigo.
Em 1452, torna-se mestre em artes, em uma época bastante conturbada, quando um grande número de diplomados vivia em uma situação financeira delicada. Logo começa a ter problemas com a polícia e, a partir daí, Villon se desencanta pelos estudos e passa a preferir as aventuras e a vida boêmia. Após ter se envolvido com alguns roubos, ter sido preso algumas vezes e, em meio a tudo isso, ter produzido uma vasta herança literária, Villon sai da prisão em 1463 e, desde então, nunca mais se teve notícias dele.
Clique aqui e conheça algumas de suas produções literárias. 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Contato

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Vídeos sobre a literatura na Idade Média

Confira a seguir algumas vídeo-aulas a respeito do histórico da literatura medieval durante a Idade Média: 
















terça-feira, 1 de abril de 2014

Links para downloads

Você é apaixonado por cinema? Conheça um pouco mais sobre a Idade Média fazendo o download dos filmes indicados abaixo! 

Rei Arthur
SINOPSE

Arthur (Clive Owen) é um líder relutante, que deseja deixar a Bretanha e retornar a Roma para viver em paz. Porém, antes que possa realizar esta viagem, ele parte em missão ao lado dos Cavaleiros da Távola Redonda, formado por Lancelot (Ioan Gruffudd), Galahad (Hugh Dancy), Bors (Ray Winstone), Tristan (Mads Mikkelsen) e Gawain (Joel Edgerton).

Nesta missão Arthur toma consciência de que, quando Roma cair, a Bretanha precisará de alguém que guie a ilha aos novos tempos e a defenda das ameaças externas. Com a orientação de Merlin (Stephen Dillane) e o apoio da corajosa Guinevere (Keira Knightley) ao seu lado, Arthur decide permanecer no país para liderá-lo.

Link para [site] download Torrent: Baixar - Rei Arthur


Joana d'Arc

SINOPSE
Em 1412, nasce em Domrémy, França, uma menina chamada Joana (Milla Jovovich). Ainda jovem, ela desenvolve uma religiosidade tão intensa que a fazia se confessar algumas vezes por dia. Eram tempos árduos, pois a Guerra dos Cem Anos com a Inglaterra se prolongava desde 1337. Em 1420, Henrique V e Carlos VI assinam o Tratado de Troyes, declarando que após a morte de seu rei a França pertencerá a Inglaterra. Porém, ambos os reis morrem e Henrique VI é o novo rei dos dois países, mas tem poucos meses de idade e Carlos (John Malkovich), o delfim da França, não deseja entregar seu reino para uma criança. Assim, os ingleses invadem o país e ocupam Compiègne, Reims e Paris, com o rio Loire detendo o avanço dos invasores. Carlos foge para Chinon, mas ele deseja realmente ir para Reims, onde por tradição os soberanos franceses são coroados, mas como os ingleses dominam a região, isto se torna um problema. Até que surge Joana que, além de se intitular a “Donzela de Lorraine” tinha uma determinação inabalável e dizia que estava em uma missão divina, para libertar a França dos ingleses. Desesperado por uma solução, o delfim resolve lhe dar um exército, com o qual ela recupera Reims, onde o delfim é coroado Carlos VII. Mas se para ele os problemas tinham acabado, para Joana seria o início do seu fim.

Link para [site] download Torrent: Baixar Joana d'Arc


Cruzada
SINOPSE

Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que guarda luto pela morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também à esta meta, mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título de nobreza em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento, Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela princesa Sibylla (Eva Green), a irmã do rei.

Link para [site] download Torrent: Baixar - Cruzada


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Século XVI

O século XV, na França, foi marcado pelos contrastes entre a violência e o rafinamento, o progresso da razão e os rompantes da emoção; de um lado, o pensamento escolástico medieval e, do outro, a liberação do Humanismo e do Renascimento. Assim como no século XV, o século XVI, foi a continuação desses contrastes. A França lançou-se em realidades guerrilheiras em batalhas religiosas.
O Renascimento, surgido na Itália bem antes do século XVI, começa a se definir na França, sob o nome de Humanismo. Essa corrente filosófica ideológica foi o movimento da restauração das bonnes lettres da antiguidade grega e latina, a partir da definição dos seguintes parâmetros no que diz respeito à literatura antiga: texto escrito da melhor maneira possível, comentários filológicos sobre ele, edição e tradução.
Para os humanistas das primeiras gerações, não havia grandes diferenças entre as obras da medicina, de astronomia, de poesia, de arquitetura de filosofia, de história, de matemática etc. Para eles, podemos distinguir as disciplinas em estudo, mas todos esses saberes vêm de uma mesma fonte, das "lettres antiques". Tal forma de pensar se assemelha ao que chamamos hoje de saberes culturais. 
Apesar de conduzir um discurso de oposição às práticas institucionais religiosas, o Humanismo acabou por favorecer o evangelismo, no que diz respeito às leituras o Livro Sagrado. O Humanismo causava no homem o desejo de retornar aos valores da igreja primitiva, à Escritura e, sobretudo, à Fé. 

Gêneros e formas do século XVI



Poesia e reprodução

Traduzido ou não, os textos literários antigos são, desde sempre, bastante reproduzidos. Na França, a partir de 1549, a poesia de Ronsard e de seus amigos da Plêiade - que foi o primeiro movimento organizado da poesia francesa do século em questão - foi amplamente difundida pelos poetas: Pierre de Ronsard, Joachim Du Bellay, Jean-Antoine de Baïf, Rémy Belleau, Étienne Jodelle, Pontus de Tyard e Jean Dorat.
Eles foram responsáveis por uma sofisticação poética que tinha os gêneros antigos como modelo - a tragédia e a comédia, dentre outros. 


Narrativas 
A prosa narrativa abrangeu uma vasta compilação de temáticas, que iam desde a realidade cortesã, até o maravilhoso. O gênero novela surgiu no século XVI, com uma popularidade considerável. Nesse contexto, temos o escritor Rabelais, como alguém que, para compreender as suas tendências literárias, é preciso enxergar a lógica que ultrapassa as classificações de gêneros. 

Além dos gêneros 
A reprodução, ou a imitação de textos da antiguidade envolve diversas fontes. Assim, o texto da antiguidade encontra-se, no século XVI, em explosão: pronto para o uso. Assim como em Adages, de Erasme, temos uma coleção imensa de citações gregas e latinas, que extrapolam o seu contexto social. A grande contradição dessa literatura imitada da Antiguidade é que ela pretende encontrar uma forma ideal e chegar às formas reais dos textos antigos. Entretanto, a forma curta desses textos acaba até sendo um pouco disforme. 
Os maiores textos do século em questão, na França, foram escritos por: Rabelais e Montaigne (dentre outros escritores). As obras desses dois escritores extrapolam aquilo que diz respeito aos gêneros. Um faz um compilamento de saberes; outro, de textos. Um conta; o outro, comenta.