domingo, 16 de fevereiro de 2014

Século XVI

O século XV, na França, foi marcado pelos contrastes entre a violência e o rafinamento, o progresso da razão e os rompantes da emoção; de um lado, o pensamento escolástico medieval e, do outro, a liberação do Humanismo e do Renascimento. Assim como no século XV, o século XVI, foi a continuação desses contrastes. A França lançou-se em realidades guerrilheiras em batalhas religiosas.
O Renascimento, surgido na Itália bem antes do século XVI, começa a se definir na França, sob o nome de Humanismo. Essa corrente filosófica ideológica foi o movimento da restauração das bonnes lettres da antiguidade grega e latina, a partir da definição dos seguintes parâmetros no que diz respeito à literatura antiga: texto escrito da melhor maneira possível, comentários filológicos sobre ele, edição e tradução.
Para os humanistas das primeiras gerações, não havia grandes diferenças entre as obras da medicina, de astronomia, de poesia, de arquitetura de filosofia, de história, de matemática etc. Para eles, podemos distinguir as disciplinas em estudo, mas todos esses saberes vêm de uma mesma fonte, das "lettres antiques". Tal forma de pensar se assemelha ao que chamamos hoje de saberes culturais. 
Apesar de conduzir um discurso de oposição às práticas institucionais religiosas, o Humanismo acabou por favorecer o evangelismo, no que diz respeito às leituras o Livro Sagrado. O Humanismo causava no homem o desejo de retornar aos valores da igreja primitiva, à Escritura e, sobretudo, à Fé. 

Gêneros e formas do século XVI



Poesia e reprodução

Traduzido ou não, os textos literários antigos são, desde sempre, bastante reproduzidos. Na França, a partir de 1549, a poesia de Ronsard e de seus amigos da Plêiade - que foi o primeiro movimento organizado da poesia francesa do século em questão - foi amplamente difundida pelos poetas: Pierre de Ronsard, Joachim Du Bellay, Jean-Antoine de Baïf, Rémy Belleau, Étienne Jodelle, Pontus de Tyard e Jean Dorat.
Eles foram responsáveis por uma sofisticação poética que tinha os gêneros antigos como modelo - a tragédia e a comédia, dentre outros. 


Narrativas 
A prosa narrativa abrangeu uma vasta compilação de temáticas, que iam desde a realidade cortesã, até o maravilhoso. O gênero novela surgiu no século XVI, com uma popularidade considerável. Nesse contexto, temos o escritor Rabelais, como alguém que, para compreender as suas tendências literárias, é preciso enxergar a lógica que ultrapassa as classificações de gêneros. 

Além dos gêneros 
A reprodução, ou a imitação de textos da antiguidade envolve diversas fontes. Assim, o texto da antiguidade encontra-se, no século XVI, em explosão: pronto para o uso. Assim como em Adages, de Erasme, temos uma coleção imensa de citações gregas e latinas, que extrapolam o seu contexto social. A grande contradição dessa literatura imitada da Antiguidade é que ela pretende encontrar uma forma ideal e chegar às formas reais dos textos antigos. Entretanto, a forma curta desses textos acaba até sendo um pouco disforme. 
Os maiores textos do século em questão, na França, foram escritos por: Rabelais e Montaigne (dentre outros escritores). As obras desses dois escritores extrapolam aquilo que diz respeito aos gêneros. Um faz um compilamento de saberes; outro, de textos. Um conta; o outro, comenta.